Nisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo
ficado do lado de fora, mandaram chamá-lo. Muita gente estava assentada ao redor
dele e lhe disseram: Olha, tua mãe, teus irmãos e irmãs estão lá fora à tua
procura. Então, ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos? E,
correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis minha mãe e meus
irmãos. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã
e mãe.
I.
A FAMÍLIA CONSANGUÍNIA DE JESUS (V31)
O relacionamento dessas
pessoas ao longo da história tem sido alvo de discursões e como frutos destas,
temos algumas afirmações:
1.
Meios-irmãos.
Eles “eram meios-irmãos, filhos de um casamento anterior de José, Essa teoria,
que foi desenvolvida por homens como Orígenes, Eusébio e Epifânio, está baseada
na conjectura de que José era consideravelmente mais velho que Maria[1]” (p.
982).
2.
Frutos
de um casamento levirato. “Um ponto de vista semelhante
postula que os irmãos eram filhos de José por intermédio de um casamento
levirato com uma viúva de Clopas, seu irmão” (idem).
3.
Primos
de Jesus. A afirmação da Igreja Católica é que estes eram primos
de Jesus[2], alguns
argumentos que sustentam estas afirmações:
A palavra irmão, aqui
tem o significado de primo ou parente próximo, pois a língua hebraica não
possui a palavra primo.
A mãe de Jesus tinha
uma parenta que se chamava também Maria, casada com Cleófas (João 19,25).
Judas era irmão de
Tiago. De fato lemos: Judas, irmão de Tiago (Judas 1 e Lucas 6,16) todos eles
eram primos de Jesus, ou parentes próximos, como Simão pelo mesmo motivo.
Primos ou parênteses de
Jesus, “pois três desses Irmãos de Jesus, têm seus pais nomeados na Bíblia.
Vejamos: o 1º é Tiago. É ele, segundo (Gálatas 1,19), Tiago Apóstolo, o Menor
(Marcos 15,40), cujo pai é Alfeu (Mateus 10,3); o 2º, José, é irmão carnal de
Tiago, pois ambos são filhos de uma das três Marias que estiveram ao pé da Cruz
(Mateus 27,56), e cujo irmão pai é também Alfeu; o 3º é Judas, o Tadeu, que
também é irmão de Tiago (Judas 1,1). Seu pai é também Alfeu. São Lucas o chama Judas
de Tiago ou seu irmão (Lucas 6,16)”.
Exemplo bíblico em que
os parentes são chamados de irmão:
Abraão e Ló (Gênesis
13,8)
4.
O
termo primogênito “é termo jurídico da Bíblia que tem
significado bem determinado: é o primeiro filho, quer venha outro ou não. Não
se esperava por outro filho para que o 1º fosse tido e tratado como primogênito
a vida toda”.
A afirmação bíblica é
que estes eram meios-irmãos de Jesus, tendo em vista que eles nasceram após
Jesus.
O ponto um e o dois
acima relatados não tem muita sustentação, no entanto, o três é o mais
divulgado e amplamente aceito pela Igreja Católica, vejamos algumas objeções[3]:
1. O
Novo Testamento foi escrito em grego, não em hebraico, quando se é utilizado à
palavra primo em passagens no NT sua compreensão é clara, pois, segundo o dicionário
Vine, o termo grego que significa primo (anepsios), é usado na relação de Barnabé e Marcos (Cl 4.10), e em nenhuma outra passagem bíblica este termo é usado
para os irmãos de Jesus[4]
(p.898).
2.
O termo utilizado para se referir as irmãs
de Jesus (Mt 13.56), no grego adelphe,
denota relação natural, sendo empregado em outra passagem também, Mt 19.29[5] (p.
723).
3.
O termo grego irmão (adelpho) significa “irmão” ou “parente próximo”. Com relação ao
texto de Mt 13.55, diz respeito filhos de uma mesma mãe, portanto, são irmãos[6]
(p.723).
4.
Não é possível identificar os irmãos
descrentes de Cristo (Jo 7.5) com os apóstolos;
5.
As Escrituras fazem uma clara distinção
entre os irmãos de Cristo e os apóstolos (Jo 2.12; At 1.13,14).
6.
Várias passagens apresentam os irmãos de
Jesus e sua família (Mt 12.46, 47; Mc 6.3; Lc 8.19, 20; Jo 2.12; 7.3, 5, 10; At
1.14).
7.
É muito significativo que estejam
associados à mãe de Jesus (Mt 13.55,56; Jo 2.12; At 1.14).
8.
Lucas ao escrever o seu evangelho
enfatiza que Jesus era o primogênito (Lc 2.7). Esse ponto por si só não é
forte, no entanto, com os demais o é.
9.
E que José não havia conhecido a Maria
até que deu a luz a seu filho (Mt 1.25) [7]. O
termo conhecer aqui tem o significado de intimidade sexual (p 314) [8].
Portanto o que podemos
concluir é que de fato, Jesus tinha irmãos e irmãs.
II.
JESUS APROVEITA A INTERRUPÇÃO PARA
ENSINAR (3.32). Jesus aproveitou outras situações em que foi interrompido para
operar milagre e proclamar o reino de Deus mediante o ensino: quando ele estava
orando (1.35), falando a uma multidão (2.1ss), dormindo no barco (4.37ss),
conversando com os seus discípulos (8.31ss) ou viajando (10.46ss).
III.
A VONTADE DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR (33,34).
Jesus ensina que assim como ele faz a vontade de Deus, deve todos fazer a
vontade de Deus. Buscar fazer a vontade
de Deus deve ser uma primazia (Mt 6.33; 10.37; Lucas 14.26). Por isso Jesus não
consentiu que sua mãe o desviasse da missão a qual devia fazer (21) nem
tampouco que o seus irmãos o interferissem (Jo 7.2ss).
Maria errou mais uma
vez em não compreender a vontade de Deus para o seu filho. “Mas como aconteceu
em João 2.3, onde Maria rapidamente reconheceu o seu erro, e foi fortalecida em
sua fé (Jo 2.5), pela palavra carinhosa, mas de reprimida, que Jesus lhe disse
(Jo 2.4), não é razoável pensar que o mesmo aconteceu nesse caso, ao ouvir as
palavras do Salvador (3.33-35)? Não temos nenhuma razão para crer que a fé de
Maria, que se expressa belamente em Lucas 1.38, 46-55; 2.19, 51, não tenham triunfado
pela graça de Deus, sobre todas as derrotas temporárias. O texto de Atos nos
mostra, claramente, que, ao final, não só Maria, mas também os irmãos de Jesus
compartilharam os louros da vitória” (p. 187).
IV.
JESUS MOSTRA QUE TODOS QUE FAZEM A
VONTADE DE DEUS SÃO PARTES DA FAMÍLIA DE DEUS (V35).
No
texto do versículo 35 o chamado é geral, com uma exceção, fazer a vontade de
Deus, ou seja, ele é inclusivo e exclusivo.
1. O inclusivo (qualquer).
Raça, sexo, etnia, condição social etc.
Na nova criação há um
novo relacionamento com o Pai que está no céu (Mt 23.9).
A igreja torna-se a
família ou a casa de Deus (Ef 2.19; 1 Tm 3.15; Hb 3.6; 1 Pe 4.17).
Jesus chama aqueles que
são salvos de irmãos (Hb 2.11).
Tornamo-nos parte de
uma só família (Gl 6.10)
2. O exclusivo (qualquer que faz a
vontade de Deus). A essência do que Deus quer é visto no
livro de Marcos, vejamos:
a. Ouvidos
atentos (4.9. 20. 24);
b. Anunciar
o evangelho de Cristo (5.19; 13.10);
c. Não viver uma vida de práticas do Pecado
(5.34);
d. Descanso
em Jesus (6.31);
e. Servir
aos outros, ou seja, uma vida de serviço (6.37; 9,35-37; 10.42-45);
f. Uma
vida de renúncia (8.34-38);
g. Uma
vida de fé nas promessas de Deus (9.23; 11. 22-26; 30-31);
h. Uma
vida que honre a Deus (12.17);
i.
Que coloque Deus como primazia
(12.29-31; 41-44);
j.
De vigilância ( 13.5, 37);
k. Dependência
do Espírito Santo (13.11);
l.
Uma vida de perseverança em meio a
perseguição (13.13).
V.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Só Deus nos dá condição
de fazermos a sua vontade (Ef. 2.8; Fp 2.12,13). Só Jesus é quem nos capacita (1.17).
O poder de Deus é quem Salva (10.27) e o sacrifício substitutivo de Jesus
Cristo, o filho de Deus (10.45; 14.24), nos faz participantes desta grandiosa
família que tem a sua morada garantida (Fp 3.20).
Referência:
GEISLER. Norman L. Ética Cristã: opções e questões contemporâneas. São Paulo: Vida
Nova, 2ª ed. 2010.
HENDRIKSEN, William. Marcos. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2003.
PFEIFFER (org.). Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD. 2009.
VINE, E W; UNGER, Merril F.; JUNIOR, William W. Dicionário vine: o significado
exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de
Janeiro: CPAD, 2002.
[1] PFEIFFER
(org). Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD. 2009.
[2]
Disponível em: http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/591/Esclarecendo-a-polemica-Jesus-teve-irmaos,
acesso dia 27/08/13.
[3] Extraída
do dicionário bíblico Wycliffe (2007), p. 983.
[4] VINE,
E W; UNGER, Merril F.; JUNIOR, William W. Dicionário vine: o significado
exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de
Janeiro: CPAD, 2002.
[5] Idem.
[6] Idem.
[7]
Explicação do comentário Moody: “José consumou o período de noivado levando
Maria para viver em sua casa para que Jesus por ocasião do Seu nascimento fosse
o seu filho legítimo e herdeiro do trono, Entretanto, ele não a conheceu sexualmente até o nascimento. O enquanto não indica necessariamente o que aconteceu depois.
Entretanto, qualquer um deduz logicamente que seguiu-se o relacionamento normal
do casamento, a não ser que se pretenda defender a virgindade perpétua de
Maria. Mateus revela que não tinha tal inclinação” (p.9).
[8] Ética
Cristã, Norman Geisler.
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