quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Reflexão sobre o tempo

O tempo é muito precioso porque, quando passa, não pode ser recuperado. Os homens possuem muitas cosias que, se perdidas, não lhe farão falta. Se alguém perde algo cujo valor desconhece ou sem saber o quanto lhe era necessário, pode, muitas vezes, recuperá-lo, com menor ou maior esforço e pequeno ou grande custo. Se um homem é preterido num negócio, ou se tiver feito uma transação de que se arrependa, geralmente, pode obter uma exoneração ou dispensa e recobrar aquilo que perdeu. Mas não é assim com respeito ao tempo - uma vez perdido, é perdido para sempre: nenhum esforço, nenhum preço o recupera. Por mais que nos arrependamos de haver deixado passar o tempo, sem remi-lo quando tivemos oportunidade de fazê-lo, nada conseguiremos. Toda parcela do tempo é concedida sucessivamente para que escolhamos assumi-la ou não. Não há espera: o tempo não para e aguarda para ver se cumpriremos ou não a sua oferta. Se recusarmos, ele é imediatamente retirado e nunca mais é oferecido. Quanto à parcela de tempo que se foi, por mais que tenhamos sido negligentes em melhorá-lo, já estará fora de nossas posses, fora de nosso alcance.

Se vivemos cinquenta, sessenta ou setenta anos e não aproveitamos o nosso tempo, agora isso não pode ser remediado: foi embora eternamente, só nos resta remir o pouco que nos resta. Assim, se a pessoa tiver desperdiçado toda a vida e aproveitado somente uma parte, uma vez que a morte sobrevenha não haverá possibilidade de restauração ou de outro espaço de preparação para a eternidade. Se uma pessoa perder todos os seus bens terrenos e achar-se falida, ainda será possível se recuperar da perda. Poderá conquistar outra situação tão boa quanto a primeira. Mas, quando seu tempo de vida se vai, é impossível que tempo igual seja obtido. Toda oportunidade para obter o bem eterno perdeu-se completa e eternamente.

Jonathan Edwards - A busca da santidade

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