quarta-feira, 25 de julho de 2012

Abrindo mão do que é legítimo

O apóstolo [Paulo] não somente abriu mão de coisas pequenas, mas passou por grandes dificuldades ao deixar de usufruir coisas que, em si, seriam legítimas. Custou-lhe bastante esforço físico ter que trabalhar no ministério para seu próprio sustento. Mas ele o fez, voluntariamente, trabalhando com as próprias mãos. Como ele disse, embora fosse livre de todos os homens, no entanto, fez-se servo de todos para que obtive-se maiores resultados. Que isto sirva para induzir as pessoas a considerarem se as próprias desculpas para todas as liberdades a que se permitem são condizentes com seu cristianismo.

Talvez sejam legítimas as coisas que desejam, talvez não sejam proibidas. Mas ninguém poderá negar que, em dadas circunstâncias e condições, talvez se inclinem para o mal, expendo o indivíduo à tentação, ferindo a crença na fé e servindo de pedra de tropeço para outros ou, como disse o apóstolo, causando ofensa a outras pessoas. Tais pessoas firmam-se em certas práticas, alegando não serem em si mesmos contra a lei, e não escutam os conselhos para evitá-las. Julgam ser desarrazoado que tenham de se tolher tão estritamente, isto é, que não possam tomar, aqui e ali, de certas liberdades, mas que, antes tenham de ser mais rígidas e precisas do que as pessoas comuns.

De fato, perguntam: "Não será irracional que me negue coisas legítimas, como comer carne, só para ceder à consciência de alguns fracos cujos escrúpulos são exagerados? Por que eu deveria me negar o conforto do casamento, que o próprio Cristo ordenou a seus ministros, só para evitar objeções de pessoas desarrazoadas?" O apóstolo Paulo, contudo, tinha outro espírito. Ele visava a promover o interesse da fé e o bem da igreja, por quaisquer meios necessários. Para isso, preferiu abrir mão dos confortos e prazeres comuns da vida, a ver a fé naufragar.

Jonathan Edwards - A busca da santidade

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