sexta-feira, 15 de junho de 2012

A igreja, esperança do mundo - Justo González

"Enquanto amanhecia, Paulo rogava a todos que se alimentassem, dizendo: Hoje, é o décimo quarto dia em que, esperando, estais sem comer, nada tendo provado. Eu vos rogo que comais alguma coisa; porque disto depende a vossa segurança; pois nenhum de vós perderá nem mesmo um fio de cabelo. Tendo dito isto, tomando um pão, deu graças a Deus na presença de todos e, depois de o partir, começou a comer. Todos cobraram ânimo e se puseram também a comer. Estávamos no navio duzentas e setenta e seis pessoas ao todo... e foi assim que todos se salvaram em terra." (Atos 27.33-37, 34 - Ler o texto completo: 27.13-44)
Esse episódio todo é tão emocionante que, ao lê-lo, pode-se esquecer do fato de que os que viajavam com Paulo são salvos por causa da presença do apóstolo. Talvez isso pareça estranho, pois tendemos a pensar em termos muito individualistas: cada pessoas é responsável pelos próprios atos. Contudo, aqui, Deus garante a Paulo a vida de seus companheiros de viagem. Graças à fidelidade de Paulo em obedecer ao que o Senhor lhe ordenou, as outras pessoas também são salvas. Há na Escritura uma história paralela que mostra o caso oposto. É a história de Jonas, que pega um navio a fim de ir na direção oposta da direção ordenada por Deus. Como consequência de sua desobediência, o navio todo estava em perigo, e os que navegavam com Jonas não tiveram alternativa, exceto jogá-lo ao mar.

É importante manter essas duas histórias em tensão, pois embora seja verdade que a igreja fiel é uma esperança para o mundo; também é verdade que a igreja desobediente é uma ameça, e talvez o mundo faça bem jogá-la ao mar.

Graças à fidelidade de Paulo, e à missão que Deus confiara a ele, os que viajavam com Paulo foram salvos no naufrágio. Além disso, quando Paulo lhes prometeu que seriam poupados e os convidou a comer, o próprio fato de que ele comeu é um sinal de que suas palavras de esperança não eram palavras vazias. Ele estava convencido de que há um futuro diferente daquele que seus companheiros temiam. Com o simples ato de pegar o pão, agradecer e comê-lo, ele oferece esperança a todos os marinheiros, soldados e passageiros desesperados.

Da mesma forma, a igreja tem um palavra de esperança para o mundo. O fundamento para essa esperança é que a igreja tem uma visão do futuro diferente da visão do mundo. Mas o mundo não acreditará em nós se não vivermos agora como pessoas que realmente têm essa esperança. Os companheiros de Paulo acreditaram nele e decidiram comer quando o viram comendo. O mundo acredita à medida que nos vê sendo realmente pessoas que têm uma nova esperança, anunciando um futuro diferente e já o vivendo. Em meio a um continente em constante crise de falta de esperança, com dívidas externas imensas, situações políticas trágicas e meio ambiente cada vez mais poluído e escasso, a igreja não tem alternativa a não ser anunciar com suas palavras, com seus atos e com a própria vida interior o futuro diferente que Deus prometeu.

Os atos de Paulo lembra-nos a comunhão: ele pegou o pão, agradeceu, partiu-o e convidou os outros a comer. Talvez o que devamos fazer hoje seja algo semelhante: que a nossa comunhão seja de tal maneira que lembremos ao mundo da esperança de sua própria salvação, do reino de Deus. Que ao tomar o pão, agradecer e parti-lo, nosso ato e a vida que nasce dele sejam um anúncio vivo da nova ordem do reino de Deus. Essa igreja é realmente uma esperança para o mundo. O oposto também é verdade: a igreja que não tem obediência necessária para ser uma proclamação de esperança só merece ser, como Jonas, jogada para fora do navio em perigo.

Fonte: Extraído do livro "Atos, o evangelho do espírito santo" de Justo González.

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