quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Missões: Para a glória de Deus (Parte 2) - Josaías Jr.

Missões e Adoração

[Em algumas igrejas] é costume valorizar Missões como o propósito principal da igreja. É claro que a obra missionária é importantíssima, mas colocá-la em primeiro lugar diminui um pouco o que significa ser servo de Cristo, membro da igreja e parte da Nova Criação de Deus. Em geral, essa ideia pode levar irmãos e irmãs a considerarem suas outras ocupações atividades menores. É a velha separação entre vida secular e vida religiosa, como se apenas um lado glorificasse mais ao Salvador.

O Catecismo de Westminster nos lembra que o fim principal do homem é “glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Fomos criados, em primeiro lugar, antes de existir igreja, Israel e mesmo da queda, para a glória de Deus. O ser humano foi feito para adorar o seu Criador em todas as áreas da vida – e também assim os redimidos farão eternamente. O que deve estar por trás de missões, da oração, do culto público, do trabalho, da arte, da família do cristão é a glória de Deus e a satisfação nele.

John Piper nos diz que as missões falham quando não há adoração – no sentido amplo de “fazer tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31) – porque a adoração é essencial:
“As missões não representam o alvo fundamental da igreja, a adoração sim. As missões existem porque não há adoração, ela sim é fundamental, pois Deus é essencial e não o homem. Quando esta era se encerrar e os incontáveis milhões de redimidos estiverem perante o trono de Deus, não haverá mais missões. Elas representam, no momento, uma necessidade temporária. Mas a adoração permanece para sempre”.
Piper quer dizer que se realmente glorificarmos, amarmos e nos deleitarmos com Deus, seu nome será anunciado de maneira clara, gloriosa e atraente. Se considerarmos o Senhor Jesus como o tesouro mais valioso, nosso bem mais querido, nossa maior alegria, desejaremos que outros o conheçam e desfrutem também da alegria que é conhecê-lo. Lesslie Newbigin, missionário escocês, vai mais além e afirma:
Missões começam com uma certa explosão de alegria. As notícias de que o Jesus rejeitado e crucificado está vivo é algo que não pode ser suprimido. Deve ser anunciado. Quem poderia permanecer em silêncio sobre tal falto?… No coração de missões está a ação de graças e o louvor… Missões é doxologia colocada em prática. Esse é seu segredo mais profundo. Seu propósito é que Deus possa ser glorificado.
Muitos esperam sentir algo especial por algum povo – seja para evangelizá-los, para contribuir com certo projeto, ou mesmo parar orar. Entretanto, Piper nos diz que, mesmo se não sentirmos “aquele amor” especial por alguma nação, por amor ao nome de Deus devemos fazer e contribuir com missões.

"E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna". (Mateus 19.29)

Pelo qual recebemos a graça e o apostolado, por amor do seu nome, para a obediência da fé entre todos os gentios”. (Romanos 1.5)

Existe em nossas mentes o costume de separar obrigação de satisfação. De um lado estão aqueles que entendem que obedecer uma ordem tira o prazer e a espontaneidade de certo ato. É a turma do “filho pródigo”, do “proibido é mais gostoso”. Do outro, estão aqueles que pensam que satisfazer-se e alegrar-se em determinada tarefa nos transforma em egoístas. Devemos obedecer por obedecer. É o pessoal do “filho mais velho”. A Bíblia não faz essa distinção. Ela diz que feliz é aquele que tem prazer nos mandamentos de Deus. Que a busca da glória de Deus cumpre mandamentos e satisfaz a alma. Logo, Paulo pode dizer “ai de mim se não pregar” enquanto se alegra por ser preso graças ao Evangelho. É o exemplo do Filho, a vida de Cristo, que pela alegria e por obediência, derramou sua vida na cruz.

Assim, a glória de Deus deve ser a motivação e o alvo das missões. Por amor ao nome de Cristo, por obediência à sua Palavra, por nossa satisfação e alegria nele, deveríamos nos envolver mais e mais na obra missionária. Como disse Jim Elliot, “Não é tolo quem dá o que não pode manter para ganhar o que não pode perder”. Que essa seja a nossa convicção.

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