quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus

A sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus
Por Luiz Augusto

"Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristoe ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos." (Filipenses 3.3-11).

O apóstolo Paulo ao longo de seu ministério sempre enfrentou duras críticas de falsos mestres judaizantes que ensinavam ser necessário que o povo de Deus novamente se submetesse ao que o apóstolo chamou de "jugo de escravidão" (Gl 5.1), ou seja, ser necessário guardar a lei civil e cerimonial do antigo testamento, em especial a circuncisão. A estes o apóstolo chamou de "cães" e "maus obreiros" (v. 2). Em geral, os falsos mestres confiavam demais na sabedoria humana que provém da carne, e por tal motivo o apóstolo defende que "se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais" e lista uma série de vantagens que ele possuía dentro da religião judaica.. 

Paulo tinha todo o respeito e poder que um rabino almejaria ter dentro da sociedade daquela época, mas considerou todas estas coisas "como refugo (lit. esterco), para ganhar a Cristo" (v. 8). E, obviamente, havia razões para isso.

1. Paulo amava a Cristo mais do que tudo. O apóstolo abriu mão do mundo não por constrangimento, mas sim por amor. Por isso ele escreveu "por amor do qual perdi todas as coisas" (v. 8). Certa vez Jesus falou: "Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo" (Lc 14.26). É justamente esse amor que Cristo espera de nós! Quando deliberadamente e conscientemente optamos por fazer aquilo que não o agrada sem que isso não nos cause nenhum constrangimento, demonstramos que amamos mais ao pecado do que a Cristo.

2. Paulo entendia que o conhecimento de Cristo Jesus era muito mais sublime, ou superior, que todas as outras coisas (v. 8). Ele entendia que a verdadeira alegria e satisfação se encontrava em Cristo, não no mundo! (Sl 4.7) E buscava esse gozo completo. É entristecedor a quantidade de pessoas que ainda buscam satisfazer seus desejos em coisas pequenas demais, quando Cristo tem muito mais para nos oferecer. C.S. Lewis certa vez escreveu: "Somos criaturas indiferentes, que brincam com bebidas, sexo e ambição, enquanto o gozo infinito é-nos oferecido; como uma criança ignorante que deseja continuar brincando na lama em uma favela, porque não imagina o que significa o oferecimento de um feriado na praia. Satisfazemo-nos com coisas pequenas demais".

3. Paulo ansiava por "ser achado nele" (v. 9). Em outras palavras, o desejo do apóstolo era ter uma vida de total consagração e santidade, de modo que o nome de Cristo fosse plenamente glorificado em seu corpo! "Segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte. Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro" (Fp 1.20-21).

Se a bíblia diz que "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10.31) e de modo mais claro "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb 12.14), creio ser impossível expressar nosso amor por Cristo sem santidade, tão pouco alcançar a salvação.

4. Paulo ansiava por intimidade. Do mesmo modo como o amor a Cristo nos motiva a uma vida de santificação, essa vida de santificação deve nos motivar à uma vida de comunhão! Esse era o desejo de Paulo. Todo esse processo descrito em Filipenses 3, desde a renuncia do mundo motivada pelo Amor a Cristo, passando pela santificação como consequência deste, culmina em um propósito: conhecer a Cristo (v. 10).

Davi certa vez falou "Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água" (Sl 63.1). Esta é a base para o aprofundamento de um relacionamento com Deus. Antes de a nossa alma desejar qualquer coisa, ela deve anelar por conhecer a Deus! Certa vez escutei uma frase que dizia: "O servo que mais desfruta do seu senhor, é sempre aquele que possui mais intimidade". Assim foi com Pedro, Tiago e João, e assim será conosco.

5. Paulo desejava conhecer o poder que operou na ressurreição de Cristo atuando em sua vida (v. 10). Este poder atua na vida do cristão por meio do "lavar renovador e regenerador do Espirito Santo" (Tt 3.5). Ele sabia que nada podia fazer sem o Espírito de Cristo (Jo 15.5). Paulo entendia a preciosidade desse poder e anelava por ele. Por esta razão, Paulo se colocava de joelhos diante do Pai (Ef 3.14) para que tanto ele, quanto a igreja, fossem "fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus" (v. 16-19).

Aos Éfesos ele mostra o meio pelo qual o povo de Deus pode se fortalecer nesse poder: "Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder [...] Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos" (Ef 6.10-18).

6. Paulo queria ser participante da comunhão dos sofrimentos de Cristo (v. 10). A chave para entender o significado dessa passagem é a afirmação a seguir: "conformando-me com ele na sua morte" (v. 10). Paulo entendia que renascer para Cristo, implicava em morrer para o pecado. É impossível alguém passar pela experiência do novo nascimento, sem que automaticamente morra para si mesmo. "Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida [...] Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus" (Rm 6.2-4,11).

7. Paulo esperava alcançar a ressurreição dentre os mortos (v. 11). Esse seria o clímax de toda a caminhada cristã do Apóstolo. Seria quando os seus maiores desejos se realizariam definitivamente e ele poderia desfrutar da presença de seu Senhor por toda a eternidade. Um Cristão sincero também deve anelar pela Eternidade, do contrário ele não é Cristão. Certa vez o apóstolo falou "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (1 Co 15.19). Que Deus nos permita ter sempre a consciência de que nossa Pátria está nos céus! "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas. Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor" (Fp 3.20-4.1)

Podemos concluir a partir dos desejos do apóstolo Paulo o que é ser um Cristão. É amar a Cristo acima de todas as coisas. É considerar todas as outras coisas pequenas demais comparado com o que Cristo é e nos oferece. É viver para o seu inteiro agrado e não ter a vida como preciosa para si mesmo. É desejar conhecê-lo mais. É desejar ser como Ele é. É ansiar pela eternidade. Todas essas coisas definem um pouco o que é ser um Cristão.

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